ensaio

Em Julho de

Posted in Ensaio by antoniomarcospereira on julho 15, 2013

Em Julho de 2013 decidi voltar a escrever posts aqui: poucos, como sempre foi, e com minha pausa habitual, pois não sei de outro jeito, só tenho esse jeito, lamentavelmente. Queria continuar o que comecei no último post: escrever sobre os bastidores do trabalho de resenhista – escrever sobre o que poderia ser pedantemente descrito como a poética de um gênero menor ou, com menos pedantismo e, provavelmente, mais felicidade, sobre o caminho entre o desejo de escrever sobre um livro, a demanda do jornal, a leitura do material e o que enfim é publicado como resenha. Isso me interessa por várias razões – há meu trabalho como professor, que sempre passa por aí, por algo da ordem do processo de fatura de textos que comentam matéria literária; há a celebração de um momento menor e quase sempre privado ou de pouca audiência, que está acontecendo o tempo todo, ruído branco na comoção geralmente histriônica do campo literário; há meu interesse por coisas fudidas pras quais pouca gente presta atenção. Dessa vez, ia comentar a última resenha que publiquei, e como o resultado nada revela – e, na verdade, veta – o monte de peripécias em torno dessa publicação. Ia falar sobre como descobri a autora e como a expressão “Estudando Lydia Davis” virou uma piada doméstica; falar como fiquei satisfeito ao saber da tradução, e como aporrinhei o pessoal do jornal para que pudesse resenhar. Depois, introduzindo alguma quebra no texto, ia contar como o prazo final pra resenha me pegou na nossa grande quinzena das manifestações, e como tudo se atrapalhou, todas as vontades e planos e direcionamentos cotidianos, e terminei pedindo adiamento ao editor, e enfim produzindo a resenha de uma sentada, no último momento do último dia de prazo que eu tinha. Falaria, concluindo, como essa pressão particular provocou certo tipo de relaxamento e esquecimento, que talvez tenha se traduzido em um texto mais arejado; comentaria como o texto muito lido e conhecido se incrusta na memória, e na exigência do comentário se transforma em outra coisa, uma espécie de fruição às avessas; falaria que, ao terminar a resenha, pensei em comentar o caso com os alunos, aludindo à conexão, nesse trabalho, entre cumprimento de prazo e reputação, e falando das moedas morais que correm no campo literário (e isso, pelo menos, terminei fazendo mesmo).

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Tudo falido, pois sobre nada disso consegui escrever. Até tirei foto das fichas que usei na resenha, pensando em reiterar um comentário que vivo fazendo sobre as etapas da fatura e a fatura da anotação, mas mesmo com esse tipo de gracejo a la Barthes a coisa se provou demasiado lisa, volátil, chata, e capitulei. E depois, lendo, me interrompi voltando ao problema da razão do não escrever. De onde vem a dificuldade?, pensei. Lembrei de blogs como os do K e o do Monte: mil diferenças entre os dois, mas em ambos o exercício do muito, não apenas ler muito mas muito escrever sobre o lido, quase diariamente um post, mais um texto feito, algo dito. Mesmo o Ad Man, que tanto admiro, e que trabalha numa cadência mais esporádica: não dou conta.

Eu naufrago nessa abundância: não tenho, nunca tive tanta força, nem tanto desejo de escrever e de dizer – e aí talvez seja o caso de pensar que força e desejo são sinônimos. Escrever me dá um trabalho do cão – ou então escrevo algo que sequer tem valor para mim, que sou o juiz mais laxista de mim mesmo (que saco cheio de autores elogiando seu altíssimo crivo crítico: você é sempre, necessariamente, o pior juiz do que escreve, o mais incompetente de todos, o ridículo-mor). Preciso de muito desejo pra escrever, pensei. E o que fazer quando não encontro esse desejo? Ou o que fazer quando, malgrado o desejo, o texto se cancela, e infelicita, a cada passo – pois todo texto aparece in media res, e sua vida está a caminho, paralela e incidental, mas o texto é também seu trabalho, e nesse seu trabalho se depositam, embaraçadas, sua reputação, sua vaidade, seu juízo de valor e excelência. No meio da frase que eu queria formular e não produzi está a força da falência do que ela nunca iria conseguir dizer – está também a minha filha doente, meus problemas de dinheiro, meus pseudo-amigos vermes, o reaparecimento do autor-pateta que há anos me escreveu mensagens risíveis por uma resenha ruim que publiquei de um livro dele, os trezentos outros planos que me carregam para mais e mais textos que vou escrever, que não vou escrever, até, é claro, de um jeito ou de outro, morrer. Pensei naquela frase que atribuem a Foucault, “Como faremos para desaparecer?” Não há problema, pensei, Isso tá garantidoNão vou escrever mais nada. 

Em Março de

Posted in Ensaio by antoniomarcospereira on março 4, 2013

Em Março de 2013 saiu uma resenha minha, um comentário sobre um livro do Bolaño, As Agruras do Verdadeiro Tira.

Quando comecei a fazer resenhas com seriedade, em 2003, 2004, tinha como certo que, com o tempo, a coisa ficaria mais fácil. É uma habilidade como qualquer outra, escrever, você aprende com a prática: habitua e treina a mão, reduz o sistema de decisões raciocinadas, automatiza procedimentos. “Vai ficando mais fácil com o tempo”, eu pensava, e via o quanto ainda tinha de editar as minhas anotações para chegar às mil e duzentas palavras, ou equivalente: qualquer que fosse o limite, era um problema.

E, de fato, como dizer que não ficou mais fácil? Anos fazendo a coisa, claro que ficou. Mas essa coisa – como, imagino, qualquer outra associada à literatura – gera suas próprias dificuldades à medida que se encaminha, exsuda uns obstáculos filhosdaputa.

Essa resenha, por exemplo, do Bolaño: li boa parte desse livro na Argentina, quando fui lá em 2011, para um evento sobre Saer. O livro tinha acabado de sair, estava em todas as livrarias, não resisti. Li o abominável prefácio cometido pelo Masoliver Ródenas naquele jardinzinho ao redor da Biblioteca Nacional num dia gelado, depois do almoço: lembro de pensar “Porra, mas que merda esse prólogo, que coisa mais cu” e pensamentos afins, irritado com o imperativo de explicação literária prévia e defesa dos interesses dos que sobrevivem ao Autor. Lembro de comentar o livro com F, que adorou; alguma coisa deve ter aparecido também em minha conversa com o K, em alguma conversa com o K. Essas memórias de leitura não sei como entram na economia da resenha, mas sei que entram, pois tudo isso é combustível, é nutriente para o que se há de fazer no comentário.

Folheei a prova que a editora me enviou, mas o que me serviu mesmo foi o meu original, os velhos grifos, e uma marginália miúda, mas assertiva: eu parti dessas coisas para fazer a resenha e, uma vez que decidi concentrar o texto em Amalfitano, fazer o texto gravitar em torno de Amalfitano, ficou fácil: eu já tinha anotações pra dez resenhas com esse tema. Algumas decisões fundamentais já tomadas (seria necessário comentar algo sobre os gerentes do espólio; a direção seria aprobatória; Amalfitano é um bravo; etc), a coisa se faz sem muito titubeio. “Pronto”, pensei – e me aliviei, pois estava no prazo, o que era muito importante (sempre é: isto também é um negócio, e o prazo é parte do jogo “negócio”), e o resultado era honesto e, na medida do possível, bom.

“Mas será que não dá pra melhorar? Ainda dá tempo.” Ora, claro que dá – e lá fui eu, então, tentar melhorar a resenha; nesse caso, implicou basicamente em elidir, comprimir, reduzir. O que resultou, enfim, nisso:

 

Consta que uma das maiores preocupações de Bolaño em seus últimos dias era garantir o sustento de sua família após sua morte. Preocupou-se à toa. Com a fartura de sucesso que já marcava a recepção de sua obra quando ainda estava vivo e que só se multiplicou – a recepção de seu trabalho está robusta como nunca – e com a notável astúcia gerencial dos administradores de seu espólio literário, recursos não hão de faltar para a sobrevivência de seus dependentes. É pela combinação do sucesso de crítica da obra com o trabalho desses gestores que podemos ter acesso a este As agruras do verdadeiro tira, e isso merece menção por estar associado a uma característica marcante desse livro: seu caráter de esboço, material de trabalho, papéis em processo de uso e elaboração pelo autor, que lembra um ensaio de jazz, de cujos improvisos os músicos vão retirar material para suas composições definitivas.

Inúmeros temas e personagens presentes em outros textos aparecem aqui, e a leitura, para aqueles que já passaram por outros trabalhos de Bolaño, oferecerá a graça adicional do reconhecimento desses trechos, da observação de semelhanças e diferenças entre o que está aqui e o que foi publicado antes em outro lugar. Esse jogo encanta: nos momentos de pura reprodução parece que estamos verificando nossa expertise como leitores, medindo a familiaridade com sua obra pela extensão de nossa capacidade de reconhecimento. Se as semelhanças são notáveis, há também refrações curiosas e surpresas – em particular na maneira como os dois protagonistas, Amalfitano e Arcimboldi (sem o “h”) se articulam no livro, invertendo a ordem de prioridades aparente em 2666.

Redescrito e apresentado sob uma luz trágica algo distinta da que inferimos de sua vida em 2666, Amalfitano é aqui um personagem movido pela descoberta algo tardia, algo casual, de sua homossexualidade, descoberta transformada em escândalo pelo fato de que o alvo de seu desejo é um de seus alunos, um poeta de vinte um anos, Padilla, coisa que o pudibundismo do mundo universitário espanhol não pode tolerar e que motiva sua expulsão da universidade e sua migração para o México. A relação entre os dois constitui o núcleo dramático mais produtivo, e é circundada por todos os demais personagens, com seus dramas particulares: a filha de Amalfitano, Rosa, que vive as dificuldades do deslocamento de Barcelona para o México e da descoberta da homossexualidade do pai; os personagens de Sonora, como Pancho Monje, e os gêmeos Pedro e Pablo, um policial e o outro, acadêmico; o escritor francês J. M. G. Arcimboldi, que tem várias obras descritas e comentadas, teve um de seus livros traduzidos por Amalfitano, e cuja biografia é esboçada em esquetes, a partir de listas de seus amigos, inimigos, e com quem se correspondia. Todos têm seu lugar, e contribuem para o que há de trama aqui – mas esse lugar está situado à periferia do drama do professor de filosofia que se descobre homossexual aos cinquenta anos. Se há um problema e uma investigação aqui – algo que somos levados a crer necessário, dado o título do livro –, consiste em compreender as agruras de Amalfitano, suas negociações consigo mesmo, com os que lhe são próximos e com suas novas circunstâncias.

Ao longo da correspondência que trocam quando já estão distanciados, Padilla comenta com Amalfitano um projeto de romance que ambiciona escrever, O deus dos homossexuais, “o deus dos mendigos, o deus que dorme no chão, nas portas do metrô, o deus dos insones, o deus dos que sempre perderam”.Essas alusões parecem retratar o Grande Romance ambicionado por Bolaño por muito tempo, que encontrou aqui nesse Agruras seu espaço de exercício e experimentação. Com isso, por mais que o que tenhamos aqui seja também algo produzido por mãos alheias ao autor – a viúva e os editores, que decidiram publicar da forma em que está – trata-se de um livro capaz de generosidade suficiente para contemplar o que há de enigmático nas experiências do mais ínfimo e esquecido dos humanos, capaz de acolher o perdedor, o estranho e o fodido no mesmo gesto em que acolhe intensas perplexidades, sofisticadas produções culturais, guerras, convulsões sociais. Tal ambição, que se espalhou por toda sua obra, é admirável, mas a grande raridade é sua realização feliz em literatura, que merece destaque onde quer que se manifeste.

 

É melhor? Se é, de fato, melhor, devo ser capaz de colocar o dedo em cima da melhora e dizer “Aqui, veja: isso estava tosco antes, agora está melhor”. “Antes estava turvo, agora está claro”. “Antes estava obtuso, agora está incisivo”. E assim por diante nessa oposições.  E, se não consigo fazer isso, se não tenho esse tipo de clareza, como posso pensar que está melhor? É como na história de Nabokov: se você não sabe o nome daquela árvore, desista de ser escritor. Ou quase isso.

O fato é que quando meus amigos F, K, R, O e M elogiaram a resenha, destacaram todos como núcleo de interesse e evidência do valor da resenha, de seu acerto como comentário a esse livro, um mesmo trecho – que eu sem hesitar retirei, e que sobreviveu na resenha publicada por obra e graça do meu editor.

No hay banda

Posted in Ensaio by antoniomarcospereira on maio 4, 2011

Ler A Preparação do Romance me fez lembrar do magnífico e anômalo The Unstrung Harp, or: Mr Earbrass writes a novel. 

O primeiro trabalho de Edward Gorey, publicado em 1953, é um ensaio sobre a monotonia, o tédio, o sucesso e, claro, a escrita, a escrita de ficção, o empenho do ficcionista. Gorey tinha então 28 anos: vamos estimar que aquilo é resultado de um labor concentrado de um ano e de leituras que, chutando, vem desde a adolescência, o que se agrega a imagens e compromissos passionais perdidos na aurora da identidade para, pouco antes dos 28 anos, tudo se coagular no lamentável Mr Earbrass, sua fronte-nariz, seu bigode, seu olhar perplexo, suas manias vitorianas, e sua harpa sem nenhuma corda.

Trata-se, evidentemente, de um elogio a um exercício laboral que, já nos anos 50, demonstrava fadiga e sinais de decrepitude. Observamos que nos recônditos da mansão vazia de Mr Earbrass há muito pouco: supostamente, é um espaço convidativo à lassidão e ao conforto, mas o que vemos são livros, papéis, candelabros, solidão, insistência, labor. Como ajustar o título à trama? O que é esse personagem? O que fazer com o incidente crucial do capítulo 3 no capítulo 19? Quem fala agora? Quem ouve? Quem entende?

E, no entanto, como uma manobra de pura contrariedade: um personagem, subitamente, o assombra; uma passagem próxima da virada de um corredor sussurra uma música vagamente familiar; o cansaço é enorme, algo se insinua por trás de uma cortina. Sabemos que esse Autor não sabe o que está fazendo, isso é óbvio: há muito mais pergunta que resposta, muito mais titubeio que conhecimento de causa. Mas vemos um savoir faire em operação aqui: o Autor insiste, sabe que tem de fazer, recorta, cola, joga fora, desiste, refaz, padece de insônia, lamenta, lamenta e pois, voilà, o livro está pronto, seu título é The Unstrung Harp.

Três notas

Posted in Ensaio by antoniomarcospereira on abril 3, 2010

1. Señor Daniel Pellizzari retorna à vida online, sabe-se lá por quanto tempo – é boa notícia.

1.1. Referido senhor, no twitter, indica um blog do qual nunca tinha ouvido falar.

1.1.1. Referido blog, de um acadêmico, parece com o que gostaria que este blog aqui fosse caso desse certo – significando portanto que há uma certa idéia de correção que aplico aqui, significando que este blog tem não apenas um ethos, mas também um telos.

1.1.1.1. Há mais que isso, claro: neste post, por exemplo, me sinto muito próximo do autor: apesar de todas as distâncias (pra começo de conversa, o cara ensina em Londres), seus problemas são os meus também – embora não sejam exatamente iguais, guardam uma inegável semelhança de família com coisas que me afligem e, ao tomar conhecimento dessa semelhança, me vejo devolvido a C. S. Lewis dizendo We read to know we are not alone.  É certo que lemos por mil e uma razões que não essa, mas também é certo que há uma dinâmica de identificação, uma produção de empatia que, embora às vezes de foco errático, faz da leitura isso que me traz até aqui para comentar o blog que o Pellizzari recomendou e daí derivar para mencionar C. S. Lewis. É essa mesma dinâmica que me levava, já faz um tempão, a custear os intervalos de minhas aulas de inglês com a leitura do finado blog do Pellizzari no wunderblogs. Os demais autores desse coletivo me pareciam abominações, e me impressionava ver como se jactavam com facilidade, como se compraziam de si. O que pode levar um cara a achar que é bom ser um reaça colocando pó-de-arroz nas próprias tetas em um arremedo de vir a público?, aquela versão mais naïf se perguntava. No meio dessas coisas, e no meio das hostilidades com as quais eu me deparava quase que cotidianamente, ler o blog do Pellizzari era um bálsamo e um refrigério, meu encontro com um artifício aparentemente feliz de autocriação, o lugar onde aprendi a dar o devido valor ao Fail better.

2. Li no Estadão, numas notinhas que a Raquel Cozer faz no rodapé, que o AX está deixando sua condição de mais ou menos autopublicado e mais ou menos independente para assinar contrato com a Rocco. O parabenizei, claro: é um indicador mais ou menos óbvio de reconhecimento e progresso, imagino que ele esteja feliz e celebrando. E me pergunto: o que será essa experiência? A Punk goes Pro? O que isso representa na construção da autonomia financeira, e essa autonomia o que representa na fertilização de outros trabalhos do autor, e ambas as coisas o que representam no incremento da possibilidade de divulgação do trabalho literário, em auxílio para que esse Autor tenha acesso a mais e melhores leitores?

2.1. Essas questões que me ocorreram com relação ao caso do Xerxenesky – a quem poderia perguntar essas coisas, a quem provavelmente vou perguntar essas coisas – tem a ver com um tema que me interessa e com um texto que estou fazendo (molto lento, lentissimo) sobre Como vivem os Autores.

2.1.1. Como vivem os Autores? De onde tiram os recursos para viver sua vida de Autores, com estilo de Autores, amizades de Autores, consumo de Autores? Não estou interessado nos murmúrios privados da Guilda – aos quais provavelmente não teria acesso – mas sim nos elementos que talvez pudessem ajudar a consolidar uma compreensão dessa profissão no Brasil hoje. Ou então ver se falar em “profissão” é insultar a matéria para seus praticantes – ver se é o caso de recuperar o vocabulário da “vocação”, do “chamamento”, com suas conhecidas implicações de destino, inevitabilidade, abnegação.

2.1.1.1. Tenho pensado nessas coisas e me interessado em fazer esse texto porque com uma frequência cada vez maior ouço colegas falando sobre um curso de “escrita criativa”, a ser inaugurado na universidade em que trabalho. E me pergunto.

3. A resenha mais infeliz que leio em muito tempo é essa. Não seria o caso de examinar aqui com minúcia a natureza das muitas infelicidades desse texto.  Mas talvez seja o caso de pensar sobre o bombástico parágrafo final, e sobre o que esse parágrafo, enquanto instância exemplar, pode nos dizer sobre como um Autor brasileiro contemporâneo comenta o trabalho de outro Autor brasileiro contemporâneo. Pode nos dizer algo? Há algo mais para se dizer sobre isso?